Todo o dia é a mesma coisa. Eu e algumas colegas do trabalho (as mais chegadas, vale dizer) saimos pra almoçar juntas já que é a única hora que temos pra conversar tudo de uma só vez e entender tudo que as outras falam mesmo falando tudo (e todas) ao mesmo tempo.
Às vezes, um pobre colega homem pede pra nos acompanhar. Às vezes a gente deixa. E esse coitado fica a hora inteira do almoço sem falar nada e nem é porque não quer, é porque não tem como ou porque não tem a manha de falar ao mesmo tempo e o mais rápido possível e, ainda, de ser entendível.
Dia desse nós fomos a um restaurante diferente, um mais longe, bem mais longe, do tipo que nunca mais vou só pra não ter que andar tanto. Mas foi dica da chefe e ela foi junto. Preciso dizer mais nada sobre isso.
Nesse tal restaurante diferente, a primeira colega - eram seis - logo olha pra um cara e olha pra trás. Nós que somos ninjas dos entreolhados já sacamos tudo e sentamos doidas pra começar a comentar sobre o dito cujo a ser admirado. LÓGICO que começamos a analisar pela face e não pela bunda como muitos homens fazem.
Comissão de frente nota 10: Barba bem feita, cabelo lindo, pele linda, sorriso ai ai.
E tava comendo uma salada! Ai, quero uma também. Aliás, traga seis, por favor.
Até que depois de olhar tanto pra esse rapaz, e quase fazer com que toda a salada do garfo do pobre caísse no chão antes de chegar na sua boquinha linda e perfeita, uma das moças solta um "AH!" com muito desapontamento e completa:
"Ele é gay, bichinha da silva!!!"
E eis que ela aponta, trêmula, pra bolsa do rapaz, uma legítima bolsa ecológica, coisa que, homem que gosta de mulher, se não for gringo, não tem.
Fazer o quê?
Suspiramos e pedimos bolo de chocolate de sobremesa pra compensar a salada e voltamos reclamando da enorme caminhada de volta ao trabalho.
E nem venha um boy dizer que tem uma bolsa dessa e é hetero, que quero ver provas concretas de que tu sai com uma dessa com carteira e SOMBRINHA pra ir ao trabalho!